segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Alentejo sem lei

Pois é, meus amigos, começamos o ano (em bom ritmo alentejano) com uma 
notícia bombástica!

Na passada semana, a minha pacata terrinha foi alvo de uma onda de assaltos... e o melhor é que, apesar de os "larápios" não terem sido particularmente desembaraçados ou cuidadosos, ninguém os apanhou!

Começando pelos assaltos a stands de automóveis, onde os senhores demoradamente escolheram o que lhes interessava mais, e dando-se ao luxo de escolher qual a viatura mais adequada para transportar o saque, até à joalharia onde o proprietário corajosamente os enfrentou (já tendo chamado as autoridades), tiveram as condições todas para faustosamente se carregarem e se porem em fuga. Isto porque, apesar de as forças da lei estarem bem perto, os senhores "misteriosamente" não foram capturados. Imagine-se bem que a viatura da fuga foi detectada nalguns 3 sítios depois de ter abandonado a cidade, sendo abandonada finalmente já perto de Fátima.

Ora bem, daqui podemos concluir sem grandes dificuldades que as forças da autoridade não quiseram de forma alguma incomodar os senhores fora-da-lei. Sim, senão vejamos:

- A polícia teve bastante tempo de interceptá-los logo na cidade, porque a viatura que respondeu ao alerta da joalharia estava a menos de 300 m do local;

- De Portalegre a Fátima, ainda são uns km jeitosos, mesmo pelos padrões alentejanos;

- Pelo caminho a viatura que iludiu os agentes foi detectada novamente em Arez, onde abalroou um veículo da GNR e se pôs em fuga tendo escapado à Brigada de Trânsito.

Ora bem, se isto fosse os EUA (por muitos defeitos que eles tenham), os ditos senhores nem tinham chegado aos Fortios, que ficam a 8 km de Portalegre. Se o Jeremy Clarkson achava embaraçoso aparecer naqueles reality shows uma perseguição policial de Inglaterra, porque seria uma medium speed chase em vez de uma high speed chase à moda dos EUA, aqui seria uma very low speed chase.

Mas em defesa das forças da autoridade, as condições em que eles trabalham dizem bem da sua disposição para enfrentar estas situações, porque recebem salários de fome, o subsídio de risco é uma anedota para quem potencialmente arrisca a vida pelo público diariamente, e todas as despesas ou danos que provoquem no equipamento (fardas incluídas) sai-lhes do bolso. Os agentes que patrulham as ruas da cidade andam em carros que mal se aguentam nas rodinhas (calçadas a pneu baratucho e totalmente desalinhadas).

No entanto, e apesar de os senhores da PSP terem desculpa, os agentes-estrela da nossa "BêTê" é que não têm qualquer sombra de desculpa. Então os senhores andam em autênticos foguetões dos últimos modelos (a fazer crer por todos aqueles e-mails do estilo "quem te avisa teu amigo é" onde se enumeram todos os últimos gadgets e carrões que os senhores agentes empunham diariamente nas nossas AEs e IPs), apanham todo o desgraçado trabalhador que vive da estrada e não conseguem apanhar um bando de idiotas mesmo com avisos prévios? Por favor!

Os senhores fazem-nos crer que a imagem do Zé Compadre, o detective alentejano criado pelo Herman José, é quem nos defende. Para quem não se lembra, ou não é desse tempo, este era um sketch (palavra muito em voga, fica sempre bem) em estilo de mini-série chamado "Alentejo sem lei", e a estrela era o dito Zé Compadre, que ao entrar de rompante numa sala levava só 5 minutos. Uma perseguição (em cima dum burro, pois claro!) podia levar 10 dias (ou mais se houvesse algum feriado pelo meio). É isto, ou não é?

Senhores ladrões: venham, roubem-nos, e a gente ainda vos oferece o pikeno almoço.

Porquê? Pelo menos vocês só nos roubam uma vez, não são repetitivos como o (des)governo, que nos faz o mesmo todos os anos e cada vez mais. E para quê, se já nem os direitos básicos nos garante? Andam praí às turras com cheiros esquisitos em Lisboa, a partir janelas das velhotas em Penamacor com um F-16, e afins, mas Deus_Nos_Livre se a gente se mete na frente de um ladrão. Afinal, eles só estão a fazer pela vida, são jovens empresários. Dá mais à conta passar umas multinhas por excesso de velocidade numa recta de 2 km, onde é de um perigo extremo ir a 7 km/h acima do limite...

PALHAÇOS!!!!

3 comentários:

wednesday disse...

Eu adoro as histórias de assaltos e roubos em Portalegre. Falta só a parte final do caso que será quando vier fielmente documentada no Fonte Nova!:P

Octane disse...

tarde demais... já veio... e no melhor estilo desse padrão do meio jornalístico... ora vê:

http://www.jornalfontenova.com/index.php?option=com_content&task=view&id=6304&Itemid=1

wednesday disse...

Este estilo quase poético até me faz esquecer que se trata de um assunto sério:P